O Didgeredoo

13/09/2009 18:20

Publiquei uma notícia de um curso de Didgeridoo que será realizado no espaço Santosha e por isso estou colocando aqui algumas informações sobre esse intrumento maravilhoso. Ele não esta relacionado com a cultura do Yoga, mas possui princípios parecidos além de ser um ótimo instrumento para meditação.

Por Manfred Richter

O Didgeridoo é um instrumento de sopro ancestral de origem aborígine australiana. Sua sonoridade é acompanhada de uma forte vibração para quem o toca e de uma sensibilidade encantadora para quem o escuta. Não sendo por menos um dos motivos de escolha preferencial, dos pesquisadores deste trabalho, como forma de meditação.

Embora sua existência remonte até 40.000 anos atrás, sua difusão global se deu há apenas algumas décadas mesmo na própria Austrália, na parte urbanizada.

Este instrumento consiste, em sua origem, de um pedaço de eucalipto australiano comido por cupins, restando algo que se assemelha a um tubo oco de madeira em formato próximo ao de um cone comprido.

Existe uma lenda, contada entre todos os tocadores, sobre sua descoberta em que “um grupo de aborígenes estava em volta de uma fogueira, se aquecendo em uma noite fria, numa época que não havia música para acalentar os corações humanos e naquele dia não havia estrelas no céu. Um dos nativos percebeu que insetos fugiam de uma das madeiras que estava começando a queimar, e por compaixão aos bichinhos tirou a madeira do fogo. Percebendo que esta madeira estava oca ele assoprou para acelerar a saída dos pequenos. Ao assoprar, um som ressoante ecoou pela noite adentro e as estrelas retornaram ao céu.“ (Didgeridoo Aumkar - www.didgeridoo.com.br)

Existe uma proibição às mulheres (na Austrália) de que não devem tocar o instrumento sob a pena de serem “amaldiçoadas” com infertilidade. Queremos expor aqui nossa opinião sobre este assunto, que chegou a assustar um pouco algumas das voluntárias de nosso projeto. Chegamos a conversar com vários tocadores experientes e “estudados” sobre Didgeridoo e as opiniões batem uma com a outra.

Não há comprovação alguma que haja algum efeito adverso para mulheres tocarem o instrumento. Ao que parece, tudo remete a uma característica meramente cultural, em que os aborígenes do sexo masculino proíbem suas mulheres de realizarem os rituais com Didgeridoo. Fato que se assemelha no mundo inteiro com outras culturas como: proibir a mulher de trabalhar, estudar numa faculdade e outras “coisas de homens”.

Pronuncia-se “dídjêridú”

Algumas das antigas tribos de aborígenes possuíam rituais de “aprisionamento” de maus espíritos no Didgeridoo, que era tocado em volta de uma fogueira e em seguida queimando-o para eliminar do mundo estes espíritos aprisionados na madeira.

É sabido, por seus tocadores, que este instrumento proporciona um excelente treinamento respiratório e de meditação ativa. Embora haja raro estudo científico sobre ele, sua popularidade entre os jovens vem crescendo a cada ano como entretenimento, meditação e até composição de músicas eletrônicas e populares por celebridades do meio musical.

Em toda a pesquisa realizada para a concretização deste trabalho encontramos apenas um único artigo científico, dissertando a respeito de estudo e comprovação de um uso terapêutico do Didgeridoo. Este estudo foi realizado na Suíça e lançado no British Medical Journal (BMJ), comprovando esse instrumento musical como um recurso auxiliar para reduzir o ronco e a Síndrome da Apnéia Obstrutiva do Sono, melhorando também a redução da sonolência diurna decorrente desses dois distúrbios, trabalhando as vias aéreas superiores, reduzindo assim a sua tendência de colapso respiratório durante o sono. (BRAENDLI, 2005).

Até mesmo para aqueles que já apreciam o som deste instrumento é de interesse conhecer esta informação trazida a nós por um exímio tocador e artesão de Didgeridoo:

Embora a decoração de um Didgeridoo em nada o altere do ponto de vista

sonoro, nossa experiência é que ela desencadeia uma relação mais profunda

com o instrumento, tanto mais quanto mais belo for o trabalho artístico sobre ele

(Nisargan, autor do site www.didgeridoo.com.br).

É importante o incentivo pleno à utilização do Didgeridoo também como recurso terapêutico indicado, instruindo com clareza seu uso e apresentado a história e benefícios do mesmo para ampliar o vínculo do paciente com o seu próprio instrumento. Cada Didgeridoo é único em sua criação e forma de aquisição. Aqueles que apresentam melhor afeição com seu Didgeridoo apresentam também maior freqüência em seu uso.

A escolha do Didgeridoo, para investigação de seu efeito terapêutico na ansiedade, surgiu inspirada também no fato de que nem todas as pessoas se identificam com o processo passivo de meditação tradicional: sentar, ficar imóvel, respirar com tranqüilidade e simplesmente “eliminar” os pensamentos. O Didgeridoo pode ser, para alguns, uma alternativa em que meditar vem a se tornar uma rotina, realizando a amenização de ansiedade e estresse. Principalmente para quem gosta de música percussiva, tocar o instrumento se torna não apenas uma meditação, mas também um prazer profundo.